sábado, 2 de julho de 2011

40 anos sem Jim Morrison


Quatro décadas após sua morte em Paris, aos 27 anos, o magnetismo do mistério segue em torno da figura de Jim Morrison, o poeta que liderou o The Doors e que se tornou um ícone de uma geração.

O rastro dos últimos passos de Morrison - que morreu com a mesma idade de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones e Kurt Cobain - deixou Paris repleta de lugares venerados por fãs incondicionais a cada 3 de julho.

No próximo domingo, na sala de espetáculos Bataclan, o tecladista e o guitarrista da banda farão um show em homenagem a Morrison sob o título "Ray Manzarek & Robby Krieger of The Doors", do qual não participará John Densmore, bateria do grupo original.

Porém, existem outros pontos da Cidade Luz que zelam pela memória do rapaz tímido e excêntrico que levou às rádios de todo o mundo o rock psicodélico de temas como "The End", "Break On Through" ou "Touch Me".

Protegidos por uma cerca metálica na divisão 6 do cemitério Père-Lachaise, os restos mortais de James Douglas Morrison (1943-1971) jazem sob uma lápide que nunca fica sem flores e onde um epitáfio reza: "Kata ton daimona eaytoy" (Fiel a seu próprio espírito).

Lá se reúnem adeptos, que frequentemente declamam poemas, tiram fotografias ou colocam garrafas de bourbon junto à célebre lápide, muito mais frequentada que as do escritor Oscar Wilde, a soprano Maria Callas ou do compositor Frédéric Chopin, que ficam próximas.

"Senti tristeza e respeito ao ver o túmulo", disse à Agência Efe Sandy Babtist, londrina estabelecida em Melbourne que voltará para casa com um pequeno busto do artista na mala.

Decorado com poltronas de couro e enfeitado com gigantescas efígies de Morrison e seu grupo, o Lézard King Bar serve coquetéis como "Light My Fire" ou "Strange Days" em homenagem às canções dos ídolos do proprietário, Christophe Maillet.

"Fiz este bar por Jim, com minha coleção pessoal", disse à Efe Maillet, a quem os advogados do The Doors reprovam por ter utilizado o nome e a imagem do grupo sem autorização.

Uma das maiores marcos relacionados a Morrison em Paris é o número 17 da rue de Beautreillis, um imóvel haussmaniano de cinco andares próximo à Praça dos Vosgos.

Trata-se do último lugar onde ele viveu durante seus quatro meses de residência na cidade, e onde foi declarado morto por parada cardíaca, embora seu corpo nunca tenha passado por necrópsia, o que gerou inúmeras teorias sobre sua morte.

Sam Bernet, autor de vários livros sobre o The Doors e proprietário do extinto clube Rock'n Roll Circus, sustenta que Morrison faleceu em seu bar, e que ele mesmo foi um dos que o levaram da discoteca até sua casa.

"Eu estava entre as três pessoas que o encontraram morto nos fundos da discoteca", afirmou Bernet, que garantiu que um cliente e um médico "constataram a morte por overdose" de heroína.

Há também quem suspeite que Morrison nunca morreu, e os que acham que seu pai, um militar, tirou seu corpo do sepulcro parisiense e o repatriou aos Estados Unidos clandestinamente.

"No fundo do meu coração, não quero pensar que ele morreu de overdose. Jim era melhor que todo isso", afirmou Sandy Babtist.

"O Rei Lagarto" chegou em Paris em março de 1971 acima do peso e alcoolatra, para se concentrar em sua poesia. Era um Morrison distante do jovem sensual e provocador que pouco tempo antes se destacava nos palcos com suas improvisações.

"Sem o The Doors, Jim só teria sido um bêbado e um viciado como todos nós", brinca Caataa Reed, que voou desde a Austrália para comemorar seu aniversário em Paris.

Um ano antes de chegar à França, Morrison tinha sido condenado por conduta lasciva e libidinosa durante um show em Miami, embora tenha evitado a prisão com apelações e após pagar fiança de US$ 50 mil.

O universo do rock havia sofrido na época um duro abalo com as mortes quase consecutivas de Jimi Hendrix e de Janis Joplin, e "Jimbo" se refugiou em Paris com sua namorada Pamela Courson, que pouco depois o encontraria morto em sua banheira.

"Jim não teria ido a Paris se não tivesse acontecido toda aquela m... em Miami", lamenta Baptist ao lembrar como terminou a espiral de sucesso e autodestruição de uma das maiores lendas do rock.


Fonte: http://musica.uol.com.br/ultnot/efe/2011/07/02/quatro-decadas-sem-jim-morrison.jhtm

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